CBF responde Justiça sobre motivo da seleção brasileira não ter jogador com a camisa 24; veja justificativa

Após a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ser notificada pela Justiça na última sexta-feira para explicar por que nenhum jogador da seleção brasileira usa a camisa de nº 24 na disputa da Copa América, a Confederação enviou sua justificativa, após o “Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT” entrar com um processo contra a entidade para explicar o mistério!

Brasil não usa camisa 24 porque o futebol brasileiro é homofóbico e infantil, critica Ubiratan Leal
Brasil não usa camisa 24 porque o futebol brasileiro é homofóbico e infantil, critica Ubiratan LealA seleção brasileira é a única na Copa América que não está usando a numeração 24 na competição

De acordo com a entidade, a decisão foi “desportiva” e “por mera liberalidade” do meio-campista Douglas Luiz, que usa a camisa 25 (veja a resposta completa no pé da matéria).

“[…] A comissão técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 inicialmente inscritos, e, para esse jogador, em razão de sua posição (meio-campo) e por mera liberalidade, optou-se pelo número 25. Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio campo, e mais alta para os atacantes”, escreveu a CBF, em trecho de sua resposta.

A CBF ainda afirmou que quem é responsável pela deliberação dos números da equipe é a “comissão técnica da seleção brasileira de futebol”, e que o “responsável pelo departamento é o coordenador Sr. Oswaldo Giroldo Júnior (‘Juninho Paulista’)”.

Além disso, no texto enviado à Justiça, a Confederação cita que fez várias campanhas com motes LGBTQIA+ em suas redes sociais.

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Seleção brasileira ‘pula’ camisa 24, e Bertozzi comenta: ‘É uma bobagem’A CBF convocou 24 jogadores para a Copa América e quebrou a ordem numérica apenas uma vez, pulando do 23 para o 25

Brasil é o único time que não tem um camisa 24 na competição, enquanto todas as outras seleções possuem.

No caso do time canarinho, a numeração pula do 23 (Ederson) para o 25 (Douglas Luiz).

A decisão judicial para que a CBF se explicasse foi tomada pelo juiz Ricardo Cyfer, da 10ª Vara Cível do Rio de Janeiro, na última terça-feira (29/06), após o “Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT” entrar com um processo contra a CBF para que a entidade justificasse o caso.

Com isso, a Confederação teve que atender a liminar concedida e responder cinco questionamento feitos pelo grupo na petição do processo em até 48 horas. Caso não se posicionasse, a entidade rereceberia multas diárias de R$ 800.

“A luta da comunidade LGBTQIA+ pelo fim da discriminação contra seus membros, com o reconhecimento do seu direito a uma convivência plena na sociedade, é amplamente conhecida, tendo suas causas e seu desenvolvimento sido sobejamente detalhados na narrativa dos fatos na inicial desta ação. Da mesma forma, tem se mostrado cada vez com maior clareza o importante papel que a adoção de medidas afirmativas no âmbito das práticas esportivas exercem para o incremento dessa luta, com ênfase para aqueles esportes tradicionalmente considerados no universo masculino”, escreveu Cyfer.

“E, como no Brasil a popularidade do futebol, esporte que ainda se insere nessa tradição masculina, ainda não foi suplantada por outro, sobressai-se a importância da adoção dessas medidas no contexto das suas competições”, acrescentou.

Vale lembrar que, no Brasil, o 24 está associado ao veado no Jogo do Bicho, o que faz com que o número tenha conotação homofóbica.

Jogadores do Brasil posados antes de jogo contra o ChileLucas Figueiredo/CBF

Confira a resposta da CBF

1. A não inclusão do número 24 no uniforme oficial nas competições constitui uma política deliberada da interpelada?

Resposta: Não.

2. Em caso negativo, qual o motivo da não inclusão do número 24 no uniforme oficial da interpelada?

Resposta: O Regulamento inicial da Conmebol Copa América 2021 (“Competição”) determinava que apenas 23 jogadores poderiam ser inscritos. Essa quantidade de atletas é a tradicionalmente observada em competições internacionais da Conmebol e da Fifa. A numeração utilizada pelos atletas tem relação com questões desportivas apenas. No momento inicial, a organização da competição estabeleceu a utilização dos números 1 a 23 de forma sequencial, o que foi feito pela seleção brasileira ao inscrever 23 atletas. No entanto, posteriormente, o Regulamento da Competição foi alterado e foram concedidas 5 vagas adicionais, em razão da possibilidade de troca de jogadores por conta de eventual contaminação por COVID-19. Apesar de tal faculdade, que foi utilizada por outras seleções para convocar mais 5 atletas, como a CBF vem cumprindo rigorosamente os protocolos sanitários e não apresentou casos de contaminação, a comissão técnica sentiu-se confortável em convocar apenas mais um jogador, além dos 23 inicialmente inscritos, e, para esse jogador, em razão de sua posição (meio-campo) e por mera liberalidade, optou-se pelo número 25. Como poderia ter sido 24, 26, 27 ou 28, a depender da posição desportiva do jogador convocado: em regra, numeração mais baixa para os defensores, mediana para volantes e meio-campo, e mais alta para os atacantes.

3. Qual o departamento dentro da interpelada, que é responsável pela deliberação dos números no uniforme oficial da seleção?

Resposta: Nesse caso, a comissão técnica da seleção brasileira de futebol

4. Quais as pessoas e funcionários da Interpelada, que integram este departamento que delibera sobre a definição de números no uniforme oficial?

Resposta: O responsável pelo departamento é o coordenador Sr. Oswaldo Giroldo Júnior (“Juninho Paulista”).

5. Existe alguma orientação da Fifa ou da Conmebol sobre o registro de jogadores com o número 24 na camisa?

Resposta: Não é de conhecimento da CBF nenhuma orientação sobre o tema.https://d-3152308145029432.ampproject.net/2106182132000/frame.html

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Por FRANCISCO DE LAURENTIIS, DO RIO DE JANEIRO (RJ), E PEDRO IVO ALMEIDA, DE SÃO PAULO (SP)

Edmilson Teixeira

É Jornalista graduado pela UFAL em 1987 e Pós-Graduado em Assessoria de Comunicação e Marketing pelo Cesmac, em 2010.