Mundo fica preocupado com o agravamento da guerra entre Rússia e Ucrânia

Intensificação dos ataques ocorre após destruição parcial da ponte da Crimeia;  G7 terá enfoque diferenciado em relação à guerra

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Rússia bombardeou a Ucrânia mais de 200 vezes nos últimos dias
  • Bielorrússia, aliada política russa, é usada como Estado-satélite de Moscou durante a guerra
  • Ucrânia conta com potências do G7 para adquirir sistemas de defesas aéreas

Série de ataques com mísseis russos atingiu diversas cidades ucranianas

MARYNA MOISEYENKO/AFP – 9.10.2022

Mais de 200 mísseis lançados, pânico e caos. Esse é o cenário na Ucrânia que, na última segunda-feira (10), sofreu uma onda de bombardeios russos coordenados e mortais contra várias cidades do país, incluindo a capital, Kiev. Os ataques ocorreram após uma explosão que destruiu parcialmente a ponte da Crimeia, considerada estratégica e simbólica pela Rússia. 

Com novas perspectivas do conflito, o R7 conversou com especialistas para questionar o que esperar desta próxima fase da guerra e como os líderes do G7, grupo das sete maiores economias do mundo, vão agir em relação às ações de Vladimir Putin.

De acordo com Igor Lucena, economista e doutor em relações internacionais pela Universidade de Lisboa, devemos assistir a um aumento na intensidade da conflito. “Os últimos ataques foram quase que indiscriminados do ponto de vista de alvos. Eles atingiram vários alvos civis”, explica.

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Para Leonardo Paz Neves, integrante do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV (Fundação Getulio Vargas), a represália russa à destruição da ponte e os bombardeios em Kiev são considerados relevantes do ponto de vista geopolítico.

“[A onda de bombardeios russos] mostra a intensificação do conflito, pois, quando ele começa a atacar alvos importantes, a retaliação começa a aumentar, do mesmo modo que essa escalada de como chegar à capital mais uma vez, algo que não era feito desde abril.”

Nesse contexto, o apoio da Bielorrússia, principal aliada da Rússia no conflito, é determinante. O país tem uma enorme fronteira com o norte da Ucrânia, o que fez com que boa parte dos ataques russos, no início da guerra, partissem do território bielorrusso, no qual os soldados de Putin se reagrupavam e eram protegidos.

“A Bielorrússia e o presidente Lukashenko, na verdade, são uma espécie de Estado-satélite e governo de apoio. Quando a gente faz uma análise na prática não há uma capacidade política, militar e econômica própria da Bielorrússia e ela depende de todos esses apoios para manter seu regime ditatorial”, diz Lucena. “Então, Lukashenko faz todo o jogo político necessário que Putin solicita. Infelizmente, é um país marionete da Rússia.”

Retaliação dos líderes do G7

Volodmir Zelenski conta com a ajuda de líderes do G7 para defesa aérea

Volodmir Zelenski conta com a ajuda de líderes do G7 para defesa aérea

STR/UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS-SERVICE/AFP – 21.9.2022

Apesar disso, a intensificação do conflito ocorre no momento de maior fragilidade da Rússia, pois o ataque à ponte da Crimeia foi efetivo a ponto de desestabilizar parte das estratégias do governo russo.

Nesse contexto, o G7, que até então tinha como foco a mais nova crise no Reino Unido e, consequentemente, os desdobramentos da inflação na Europa nos Estados Unidos, deve ter um enfoque diferenciado. A entrega de um primeiro sistema de defesa antiaérea à Ucrânia, por exemplo, é iminente.

“Acredito que agora o ponto principal é o aumento das sanções contra a Rússia e como o Ocidente vai reagir a esse tipo de ataque, que é basicamente uma espécie de uso que a gente chama de ‘nação pirata’, onde não importam as regras internacionais e nem mesmo os chamados crimes de guerra”, afirma o economista. 

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Para Neves, novas medidas vão surgir, pois os líderes do G7 raramente se encontram em uma agenda como essa para não fazer nada.

“Certamente, os líderes do G7 vão discutir o que eles podem fazer para tentar enfraquecer ainda mais a Rússia e tentar segurar um pouco o conflito. Já foram sete ou oito tipo de ações e sanções em relação à Rússia e a expectativa é que a gente identifique mais.”

Além disso, acredita-se que as incursões ucranianas para reconquistar os territórios da Crimeia e os quatro outros anexados na semana passada deverão contar ajuda traduzida em mais equipamentos militares e ainda mais recursos financeiros.

“Isso poria uma pressão enorme em cima de Putin, porque o mostraria como um líder fraco e militarmente questionável para a população russa, o que seria na prática muito complexo”, pondera Lucena. “Não há dúvida de que a radicalização da Rússia em relação à Ucrânia também mostra uma pressão cada vez maior do tempo contra Putin, que não consegue encontrar soluções possíveis para o fim do conflito que não sejam uma derrota para a Rússia”.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Celso Fonseca

Por outro lado, a Ucrânia tenta contra-atacar. Nesta foto, um tanque ucraniano dispara no fronte de guerra localizado na região de Donetsk
Uma série de ataques com mísseis atingiu, nesta segunda-feira (10), a capital da Ucrânia, Kiev. Os disparos foram feitos pelas tropas da Rússia, o que foi confirmado pelo presidente Vladimir Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou a autoria dos disparos de mísseis e informou que novos atos de 'terrorismo' contra o país receberão resposta parecida. A declaração ocorre depois que uma ponte de 19 km de comprimento, que liga o sul da Rússia à península da Crimeia, foi atacada e destruída no sábado (8). Nesta imagem, mulher ajuda homem que se feriu no bombardeio russo em Kiev
Por outro lado, a Ucrânia tenta contra-atacar. Nesta foto, um tanque ucraniano dispara no fronte de guerra localizado na região de Donetsk
Uma série de ataques com mísseis atingiu, nesta segunda-feira (10), a capital da Ucrânia, Kiev. Os disparos foram feitos pelas tropas da Rússia, o que foi confirmado pelo presidente Vladimir Putin
  • Uma série de ataques com mísseis atingiu, nesta segunda-feira (10), a capital da Ucrânia, Kiev. Os disparos foram feitos pelas tropas da Rússia, o que foi confirmado pelo presidente Vladimir Putin
  • Gleb Garanich/Reuters – 10.10.2022

INTERNACIONAL Maria Cunha*, do R7

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