Cidade na Arábia Saudita registra sensação térmica de 57,8°C neste domingo
O recorde global foi registrado na mesma localidade, onde o índice de calor foi de 81°C há 20 anos
- INTERNACIONAL | Do R7
Local já havia registrado recorde global de sensação térmica, de 81°C, em 2003
ADAM REEDER/FLICKR/CREATIVE COMMONS
A cidade de Darã, na Arábia Saudita, registrou à meia-noite deste domingo (6) — 18h de sábado (5), no horário de Brasília — sensação térmica de 57,8°C.
A medição foi captada pelo Serviço Meteorológico dos Estados Unidos na base aérea King Abdulaziz, que fica no município, localizado na costa do golfo Pérsico.
Naquele momento, os termômetros marcavam 41,1°C, mas a alta umidade relativa do ar (95%) fez com que a temperatura fosse sentida com muito mais intensidade.
O estudante de ciências atmosféricas Colin McCarthy, da Universidade da Califórnia, em Davis, compartilhou a informação no Twitter, com a observação de que a sensação térmica de Darã foi “próxima dos limites da sobrevivência humana”.
Em condições de altas temperaturas, a umidade alta faz com que a sensação de calor seja mais intensa do que a temperatura real do ar, pois dificulta a evaporação do suor do corpo, que é um mecanismo natural de resfriamento.
Quando o suor evapora, ele retira calor do corpo, ajudando a manter a temperatura interna em níveis mais confortáveis. O ar úmido torna mais lenta essa evaporação do suor.
Como resultado, a capacidade do corpo de se refrescar é reduzida, e a sensação térmica aumenta. Isso pode levar ao desconforto, à exaustão por calor e a outros riscos à saúde em condições de temperaturas extremas.
“O maior índice de calor [sensação térmica] já registrado na Terra, de 178°F (81°C), ocorreu em Darã, em 8 de julho de 2003”, acrescentou McCarthy.
Alerta global
No mês passado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já havia feito o alerta de que “a mudança climática está aqui. É aterrorizante — e é apenas o começo”.
Ele se referia às altas temperaturas registradas em diversos locais do Hemisfério Norte, onde agora é verão.
Em 16 de julho, a cidade de Sanbao, no noroeste árido da China, registrou 52,2°C. Naquele mesmo dia, o oeste dos EUA foi atingido por uma forte onda de calor, que fez com que a temperatura chegasse a 53°C no deserto da Califórnia.
Incêndios florestais sem precedentes devastaram o Canadá em um ritmo alarmante. França, Espanha, Alemanha e Polônia enfrentaram uma onda de calor intensa.
Termômetros chegaram próximos dos 40°C na ilha italiana da Sicília, parte da qual está envolta em chamas.
Ondas de calor marítimas se desenvolveram ao longo das costas, desde a Flórida até a Austrália, levantando preocupações sobre a morte de recifes de coral.
Até mesmo um dos lugares mais frios da Terra — a Antártica — está sentindo o calor. O gelo do mar está atualmente em um nível mínimo recorde durante o inverno do Hemisfério Sul, momento em que o gelo deveria atingir sua máxima extensão.
Enquanto isso, chuvas e inundações recordes assolaram a Coreia do Sul, o Japão, a Índia e o Paquistão.
“A temperatura média global [por si só] não mata ninguém”, disse Friederike Otto, uma cientista do Grantham Institute for Climate Change, em Londres. “Mas um ‘julho mais quente de todos os tempos’ se manifesta em eventos climáticos extremos ao redor do globo”, completou.
O planeta está nos estágios iniciais do evento El Niño, causado por águas anormalmente quentes no Pacífico Oriental.
O El Niño geralmente provoca temperaturas mais quentes em todo o mundo, agravando o aquecimento causado pelas mudanças climáticas provocadas pelo homem, que os cientistas disseram nesta semana ter desempenhado um papel “absolutamente avassalador” nas ondas de calor extremas de julho.
Embora se espere que os impactos do El Niño atinjam o pico mais tarde neste ano e também em 2024, ele “já começou a aumentar as temperaturas”, disse Haustein.
Julho é tradicionalmente o mês mais quente do ano, e a União Europeia afirmou que não projeta para agosto a quebra do recorde estabelecido no mês passado.
No entanto, os cientistas esperam que 2023 ou 2024 sejam os anos mais quentes já registrados, superando 2016.
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