Especialista alerta que o balneário do Pontal do Peba está desaparecendo com o avanço do mar

Fonte da imagem: www.pinturaemazulejo.no.comunidades.net

Por Claudio Bulgarelli

A erosão extrema, que colocou o Pontal do Peba numa dramática situação ambiental, onde o mar avança mais de 4 metros por ano, aumentou com as mudanças climáticas, com o aumento do nível do mar e com as ressacas de marés meteorológicas, com registro de ondas de até 3 metros. Com o déficit de sedimentos, a praia não se reabastece e vai recuando frente ao avanço do mar. O cenário existente no Pontal do Peba está cheio de escombros, o mar continua avançando e deixando um rastro de destruição. O alerta é do engenheiro Marco Lyra, especialista em proteção costeira e recuperação de praias. Segundo ele, “é preciso ação para controlar o avanço do mar no Pontal do Peba, caso nada seja feito, a população, num futuro próximo, terá que ir embora, como ocorreu com os moradores do Povoado Cabeço´´.

Mas essa situação no balneário vem acontecendo há mais de três décadas, quando a foz do rio São Francisco começou a sofrer com o avanço do mar no local. Os barramentos ao longo do rio, antes navegável, contribuíram para a redução do fluxo de areia que abastece as praias no litoral.

“A redução do volume de água corrente do rio São Francisco, a intrusão de águas do Oceano Atlântico na sua calha é cada vez maior, e seus efeitos já ocorrem a dezenas de quilômetros da foz. Algumas cidades e pequenos povoados da região que captavam as águas do rio para o abastecimento de suas populações estão sofrendo com os altos níveis de salinização das águas´´, disse o engenheiro. 

Na verdade, o enfraquecimento do rio São Francisco está resultando num forte processo  erosivo contra a costa na região da sua foz. O povoado de Cabeço, que pertencia ao município de Brejo Grande, e que ficava ao lado da foz foi, literalmente, varrido do mapa pelo avanço do mar. Até 1997, Cabeço tinha aproximadamente 300 moradores, a maioria pescadores, contando com perto de 50 casas, uma igreja e uma escola.  Os moradores do Povoado Cabeço, foram obrigados a abandonar suas casas por conta do avanço do mar.

´Essa triste realidade já está acontecendo no Pontal do Peba, e quanto mais tempo passar, a situação vai piorar. É preciso que os gestores olhem para esse drama das cidades à beira-mar urgente e tomem medidas para tentar, pelo menos, diminuir essa ação destruidora do avanço do mar´´, alerta o especialista.