Conselho Universitário da Ufal aprovou título honorífico à artista e colecionadora alagoana por sua relevância na produção artística
O Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Alagoas aprovou, por unanimidade, o título de Doutora Honoris Causa à artista e colecionadora alagoana Tânia de Maya Pedrosa, em reconhecimento à sua relevância e contribuição à cena cultural alagoana ao longo de sua vida. A homenagem busca expressar o reconhecimento da instituição a personalidades eminentes que tenham oferecido contribuições significativas e relevantes à Universidade e ao País.
Nascida na década de 1930, em Maceió, Tânia Pedrosa cresceu imersa na cultura popular, passando grande parte de sua infância em ambientes rurais. Embora tenha cursado e concluído o curso de Direito na Ufal, nunca se identificou com a profissão. Seu interesse pelas artes surgiu posteriormente, levando-a a frequentar diversos cursos na área. A proximidade com Aurélio Buarque de Holanda e Marina Baird proporcionou-lhe amplo contato com exposições e formações em arte. Entre as décadas de 1960 e 1970, iniciou sua coleção de arte popular nordestina. Paralelamente, dedicou-se à pintura por muitos anos, mantendo suas obras guardadas e longe do olhar público.
Seu trabalho, fortemente inspirado no imaginário nordestino, permaneceu inédito até a Bienal de Arte Naif de São Paulo, em 1998, quando uma de suas pinturas foi reconhecida e projetou sua carreira. Desde então, Tânia recebeu prêmios e menções honrosas por sua produção artística.
A arte naif, estilo característico das obras de Tânia, agrega a natureza que simboliza o espontâneo, que parte do instinto. Dessa forma, grande parte dos artistas que compõem esse nicho, iniciado no século 19 na Europa, costumam ser autodidatas e não possuir nenhuma formação formal em artes.
Reconhecimento
“Tânia é uma referência nacional da arte naif e do colecionismo, particularmente da arte popular. Esse título não é somente uma homenagem ao seu legado, mas também um reconhecimento para toda a comunidade artística de Alagoas”, afirmou Victor Sarmento, diretor da Pinacoteca da Ufal, um dos equipamentos que propuseram a homenagem.
A titulação aprovada pelo Consuni e proposta pelo Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, pela Pinacoteca e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Ufal é resultado do reconhecimento à importância de uma artista naif que retrata cenários genuinamente alagoanos e suas vivências, que contribui para a difusão e a expansão das fronteiras da arte local. “Estamos premiando Tânia com esse título, mas também trazendo luz às artes visuais e ao colecionismo cultivado por ela”, disse Hildênia Oliveira, museóloga, professora e diretora do Museu Théo Brandão.
A entrega do título acontecerá no dia 26 de abril, na Associação Comercial de Maceió, localizada na rua Sá e Albuquerque, 467, no bairro do Jaraguá, a partir das 18h. A entrada é livre ao público.
